Wilson Medeiros: "Miopia estratégica: saiba o que significa no mundo corporativo"
Miopia estratégica. O termo ganhou até definição na popular Wikipedia: “quando a empresa não enxerga com nitidez o que está longe, mas vê muito bem o que está perto”. Em tempos de urgência, é o caso de muitos profissionais que fixam o olhar apenas no presente, no dia-a-dia, no operacional. Da mesma forma que costumamos ir ao oftalmologista, para conferir a visão de perto e de longe, a prática é recomendável às empresas que vêm cometendo o pecado do imediatismo.
O que seria vida sem planos, sem visão de futuro? O horizonte, na metáfora corporativa, pode ser traduzido como o mundo exterior, a quem chamamos de clientes, mercado, concorrentes. Muitas empresas, por conta da urgência em resolver os problemas gerados pela crise, vêm se afastando de seu plano estratégico e até mesmo do seu propósito. Aquela história de “enxergar longe”, assim, perde pontos para a visão de curto prazo que, obviamente, também leva a soluções que de vida breve.
É preciso ver além do horizonte e ampliar o panorama. Por exemplo, há quem corte investimentos em áreas de vendas e comunicação, comprometendo a preservação de suas marcas depois que a crise passar. Conciliar gestão operacional e visão estratégica, portanto, é o desafio desse momento em que se “vende o almoço para pagar o jantar”.
Assim como na medicina, podemos adiantar o diagnóstico para casos de negligência: você poderá ser acometido de cegueira progressiva diante de seu maior patrimônio: a necessidade dos seus clientes e a forma como deveria enxergá-lo ou percebê-lo. Aqui, cabe um parêntese, também, quando associamos a negligência a nossa vida pessoal, diante de dificuldade em visualizar a vida em sua plenitude –o que pode limitar possibilidades de superação, crescimento e desenvolvimento, em todas as dimensões.
Recomendações de alguns especialistas para ajustar o foco:
1. Jogue luz no contexto e refletir sobre os vários caminhos a tomar: a curto e a longo prazo, para evitar visão distorcida da realidade
2. Tenha em mente que sua empresa não está vendendo um produto ou serviço, mas algo que atenda aos desejos e necessidades que levam o cliente a uma experiência de compra.
3. Corrija a visão para ver o mercado com outros olhos.
Lembrando da famosa máxima de Fernando Pessoa, “navegar é preciso”, quero observar que, como todo bom poeta, ela foi sutil ao nos sugerir algo mais profundo: quem navega precisa saber o que está fazendo, ter precisão. Ao trazemos essa ideia para a jornada dos negócios, assim como na vida, a precisão é de vital importância. E não há como ser preciso sem ter uma boa visão.
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Não se trata de negar a dura realidade e fazer os ajustes necessários diante das crises, em nome da sobrevivência. Mas é preciso uma boa dose de atitude para fazer escolhas estratégicas e abrir espaço para oportunidades, até então, “invisíveis”.
Portanto, ajuste as lentes, procure ver além do horizonte e promova seu salto transformador alinhado com aquilo que de fato precisa ser feito –hoje, mas de olho no futuro.