Ricardo Amorim: "A gastança pública e a submergência da economia brasileira"
Talvez, nunca antes na história deste país, as expectativas de grande parte da população com um novo governo tenham sido tão grandes. A insatisfação popular com o péssimo desempenho do país e, por consequência, com sua qualidade de vida são fáceis de compreender, mas os fatores que os causaram ainda são incompreendidos pela maioria.
Nos últimos 25 anos, os gastos do Governo Federal – puxados pelos gastos com a Previdência e o funcionalismo – cresceram muito mais do que a economia. Nos estados e municípios a tendência foi parecida. Na Previdência, por exemplo, o Brasil gasta o dobro dos países ricos: 14% x 7% do PIB, apesar de ter uma população em média oito anos mais jovem. Por corrupção, ineficiência, prioridades distorcidas e privilégios de alguns grupos, o governo gasta muito, mas serviços essenciais ficam sem recursos. Para a saúde vão apenas 3,8% do PIB, contra 6% do PIB nos países ricos. Por isso, mais de 41 mil leitos do SUS foram fechados nos últimos 10 anos. Seis leitos continuam sendo fechados diariamente. Para completar, mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a tratamento de esgoto.
Para bancar a maior parte do aumento dos gastos, os impostos pagos pelas empresas cresceram muito – tornando produtos e serviços no Brasil mais caros do que no exterior – e os impostos pagos pelos os brasileiros também, reduzindo a renda que sobra para consumo depois do pagamento dos impostos. Com menos investimento produtivo e menos consumo, a economia cresceu menos. Por consequência, a renda per capita no Brasil, que era maior do que a média mundial, hoje é menor do que a de países como República Dominicana, Iraque, Azerbaijão, Tailândia e Gabão.
Além disso, como os gastos públicos cresceram ainda mais rapidamente do que os impostos, o governo endividou-se cada vez mais para bancá-los. Por tudo isso, ou o próximo Presidente e seu governo encaram a corrupção e os privilégios e reduzem os gastos públicos com Previdência e funcionalismo, ou a vida dos brasileiros não vai melhorar significativamente e de forma sustentada.