Juliana de Lacerda Camargo: "Herói ou vítima?"
Ao longo da minha vida me deparei diversas vezes com pessoas que agiam da seguinte forma. Num momento, era como se elas fossem responsáveis por todos os grandes projetos, grandes conquistas, aquelas que fizeram sempre a diferença na vida das pessoas, que tinham as boas ideias, os valores corretos que serviam de modelo para todos, e por aí vai. Seu comportamento transmitia a clara ideia de que eram verdadeiros heróis. Mas, em outros momentos, essas pessoas se colocavam na posição do injustiçadas, incompreendidas, donas de todo esforço e toda nobreza que geralmente resulta na figura do mártir – o modelo do sacrifício máximo pela humanidade. Ou seja, nesses momentos elas se apresentavam como grandes vítimas.
Não foi uma, nem duas pessoas que cruzaram meu caminho com esse tipo de comportamento e, na verdade, até hoje vejo pessoas assim, e vejo com bastante frequência. Geralmente essas pessoas tendem a justificar sempre seus erros e encontrar culpados, e não se permitem em qualquer momento estar erradas, equivocadas, enganadas porque se veem nobres demais, justas demais, grandes demais. Chamo esse comportamento de “síndrome do herói-vítima”, e ele acontece com as pessoas sem que elas percebam, claro.
Tive um cliente bastante sênior, que estava à frente de uma grande equipe de operações, e, geralmente, ele se apresentava em nossas reuniões como o responsável por todo esforço e vitórias ou o incompreendido e injustiçado, que não dava mais conta da forma com que os outros agiam e pensavam com relação a seus esforços. Foi uma grande transformação quando compartilhei essa “síndrome” com ele, pois ele se enxergou na posição e pensou que nunca tinha se dado conta daquele hábito, rapidamente compreendendo que não era nem herói, nem vítima – mas apenas um indivíduo e um profissional que buscava o seu melhor a cada dia. Isso representou uma libertação para ele.
Trago esse post porque acredito que muitas pessoas vivam essa realidade sem se dar conta e, assim como meu cliente, pode ser que muitas pessoas percebam que esse é um hábito que não lhes representa e desejem então mudar sua forma de pensar. Se você detectou esse comportamento, convido-o a estabelecer uma nova mentalidade. Pegue um papel e um lápis e pense quais são seus principais valores e viva por meio deles, sabendo que, por vezes, você vai acertar e às vezes vai errar – e tudo bem.
Afinal, como sempre digo, somos grandes pisadores de bola. O que nos diferencia é o que fazemos após nos darmos conta que, eventualmente, pisamos em alguma bola pelo caminho. Tenha seus valores em mãos e siga em frente gerando-os sempre. Nem herói, nem vítima – apenas alguém tentando avançar na vida da melhor forma possível.
É isso aí.