Wilson Medeiros: "Como lidar com tanto futuro em um presente tão incerto?"
A afirmação é assinada por um notável estudioso e especialista em análises e estudos relacionados aos futuros dos negócios: James Canton, CEO do Institute for Global Futures (IGF). Fundado em 1990, o Instituto aconselha líderes políticos e empresas sobre tendências para as próximas décadas. Em sua carteira de clientes, listamos três ex-presidentes dos Estados Unidos e o laboratório de mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Em entrevista à consultoria de negócios Delloite, Canton se autodefine como um “futurista global” e desafia as empresas a ter ousadia para lidar com mudanças que estão batendo a porta. Mas também acalma os ânimos, dizendo que vê mais otimismo do que pessimismo no cenário empresarial, apesar do mundo em chamas que se apresenta.
Destaco aqui alguns trechos da entrevista e quatro tendências globais que devem nortear a visão de futuro:
1. Inteligência artificial
“Substituir o trabalho ou melhorar o trabalho? Em geral, vamos aprender o que cabe onde. A economia autônoma está crescendo. Já se sente uma nova economia sendo moldada para que surja uma nova força de trabalho. As tecnologias que vão propiciar essa mudança já estão sendo criadas – nanotecnologia, manipulação de átomos, Tecnologia da Informação (TI), incluindo robótica, neurotecnologia, biologia sintética, transformando a saúde e ciência quântica para manipulação de tempo e espaço.”
2. Aumento da longevidade
“É fato que viveremos mais do que qualquer outra geração. Talvez a média de vida chegue a 150 anos. Contudo, para chegarmos produtivos até lá, precisamos transformar a saúde com big data, diagnósticos precoces e nanotecnologia, para formar novos órgãos e membros. Em dez anos, isso vai transformar o mundo.”
3. Sustentabilidade
“Vamos acabar oferecendo soluções para provisão de água e outros recursos. Em 2050, teremos 9 bilhões de pessoas no mundo, e precisamos nos adaptar. Na América do Sul, em especial, há potencial para o aprendizado dessas tecnologias para criar empregos e dar comida a todo o mundo no futuro.”
4. Viagem espacial
“Até 2025, 2030, vamos começar a colonizar Marte. Vamos viver orbitando a Lua, viveremos no espaço também.”
Diante dessas previsões, a questão é: como lidar com tanto futuro em um presente tão incerto? Mais uma vez, o cientista é otimista, afirmando que a carruagem vai seguir, não importa qual seja o governo. “O futuro vai além do futuro político”, acredita Canton. Ele se refere às startups, por exemplo, que acontecem em meio ao cenário de incerteza, trazendo inovações.
Por isso, é preciso “abrir a cabeça” e se inspirar no exemplo das empresas mais avançadas. Não temos escolha. Drones, big data e robôs são uma realidade. Na primeira semana de maio, circulou bastante a notícia de um drone que transportou (em cinco minutos!) um rim para um transplante. A mensagem, portanto, é que cada empresa precisa criar um “laboratório do futuro”. Precisamos refletir, experimentar, projetar ideias com foco nessas tendências. Os empresários e gestores que não pensarem à frente do seu tempo certamente vão fracassar. Talvez mais velozmente do que se imagina. Da mesma maneira, cada empresa precisa pensar sobre o que quer ser em 2030, com base em uma agenda de transformações.
Para quem se sente inseguro, Canton afirma que, mais do que nunca, o futuro é de oportunidades para negócios globais. Estou com ele.