Helio Contador: "Transição de Carreira: vou passar dos 100 anos de idade"
Uma das certezas da vida é que somos seres falíveis e um dia vamos morrer, só não sabemos quando. Mas, sim, sabemos que estamos vivendo cada vez mais tempo nesse planeta. Outra coisa que também conhecemos é que, uma vez vivendo cada vez mais, todos nós vamos passar por várias transições profissionais durante a vida, seja desde a época de escolher a escola ou a faculdade de formação, seja trabalhando em empresas, seja como empreendedor ou profissional liberal. Talvez o mais provável seja: tudo junto e misturado. A não ser, é claro, que você seja um herdeiro milionário e viva somente viajando pelo mundo e aproveitando a vida! Se esse não for o seu caso, recomendo continuar lendo esse artigo!
A prática tem mostrado que vamos ter a oportunidade e a necessidade de mudarmos de profissão várias vezes ao longo da nossa vida. Mesmo aqueles profissionais liberais como os médicos, dentistas, advogados e tantas outras profissões que permitem a pessoa ficar eternamente fazendo o que gosta, terão que se reinventar e acompanhar as modernidades que uma vida digital, da internet das coisas, das centenas de mídias sociais que infernizam nossas vidas e deixam nosso cérebro doidinho. Ainda tem a indústria 4.0 (já indo para a 5.0) e a inteligência artificial como complicadores adicionais.
As profissões dos nossos netos provavelmente ainda não apareceram no radar e muitas outras que existem hoje não sobreviverão num futuro próximo. Isso significa que teremos que continuar aprendendo coisas novas por muitas vezes ao longo da nossa vida. A boa notícia é que, conforme mencionei num artigo anterior, novos neurônios surgem na área do hipocampo do cérebro, no sistema límbico, e com isso a construção e manutenção das memórias de curto prazo podem ficar ativas enquanto mantermos nosso cérebro sadio e sempre em atividade. Essa informação é importante para entendermos que podemos aprender por toda nossa vida, ou seja, não há nenhum argumento científico que nos diga que não podemos continuar aprendendo, mesmo depois de idoso. Notem que falei “idoso” e não “velho”, pois são coisas bem diferentes. Conheço gente idosa, isto é, com idade avançada, mas com mentalidade jovem e positiva, e jovens de idade que pensam como velhos, que são totalmente sedentários e só querem ficar na sua zona de conforto, sem arriscar nada diferente na vida.
O dilema da carreira, como citei no início desse artigo, começa logo na hora do vestibular ou de escolher uma função técnica, hora de decidir qual a escola ou faculdade que mais interessa, no meio de uma imensidão de opções existentes atualmente. São tantas as possibilidades que é normal o jovem escolher um caminho que, em poucos meses ou anos, ele perceba que não era bem aquilo que ele queria e daí começa o drama familiar para mudar de escola ou faculdade. Vale lembrar que essa indecisão dos jovens é algo natural de acontecer, pois o cérebro só estará formado e amadurecido totalmente na faixa dos 21 a 25 anos de idade. As funções executivas são as últimas a se formarem e, entre suas várias tarefas, estão o planejamento, foco e responsabilidade.
Daí para frente, estaremos sempre em transição, seja querendo mudar as escolhas que fizemos no início da vida, seja porque estamos insatisfeitos no trabalho atual, seja porque não gostamos do que fazemos, porque perdemos o emprego e precisamos nos requalificar ou então porque chegou a hora de nos aposentarmos, ou melhor, continuarmos nos especializando ou aprendendo algo novo, mesmo que já tenhamos formado um bom investimento financeiro para o futuro com uma fonte de renda garantida, o famoso “pé de meia”. Existem muitas oportunidades de trabalho, mesmo que seja no setor filantrópico, que poderão nos manter ativos por muito tempo. Ensinar e passar as nossas experiências acumuladas ao longo da vida é uma excelente oportunidade de ajudar ao próximo, retribuindo um pouco do que recebemos do Universo, além de ser uma ótima terapia.
A busca de uma vida com qualidade parece ser o objetivo de todas as pessoas com quem converso. Isso nos leva a procurar os diferentes sentidos de vida ao longo da nossa existência e definir qual o legado queremos deixar, ou seja, qual nossa razão para viver.
Até o próximo artigo…