Marcio Rachkorsky: "'C' de confusão"
Cano, carro, criança, cachorro, calote… Nos condomínios, tudo que começa com a letra “c” é sinônimo de confusão. Ultimamente o tema cachorro voltou a gerar muito conflito, não por causa dos pobres bichinhos, mas sim pela falta de educação e consciência dos seus donos. Por impulso, as pessoas compram filhotes e esquecem que trabalham fora o dia inteiro, que viajam constantemente e, pior, que não têm paciência para cuidar e dar amor aos pets. Largar o cachorro preso na varanda e deixar o bichinho o dia inteiro sozinho é um comportamento reprovável, não só por conta do pobre animal, mas também por configurar extremo desrespeito aos vizinhos, quebrando a harmonia e o sossego nas moradias. Afinal de contas, ninguém é obrigado a aguentar um cachorro latindo o dia inteiro em razão do desleixo e da irresponsabilidade de um vizinho. Sem falar no mau cheiro que exala pelos corredores quando o animal fica sem cuidados por alguns dias. Animal de estimação precisa de atenção, ainda mais nos condomínios, em que as relações de vizinhança são cotidianas e intensas.
Também não podemos nos esquecer do bom senso: não se pode dar muita trela ao vizinho extremamente reclamão, com sensibilidade exacerbada, que reclama de um simples latido. Tratamos aqui dos casos em que o cãozinho fica latindo por horas, arranhando a porta, pedindo socorro! Como é muito difícil contar com a consciência de todos, os condomínios precisam estabelecer normas firmes e claras no regulamento interno para que os síndicos possam advertir e, nos casos mais sérios, multar o morador infrator. Importante também de que os vizinhos incomodados relatem formalmente os dias e horários das ocorrências, gravem áudios e vídeos e contem com testemunhas, para que o abuso fique comprovado.
Nos casos mais severos, que envolvam maus-tratos, qualquer vizinho pode denunciar às autoridades competentes.
Há sempre bons e maus vizinhos, e o síndico precisa saber separar o joio do trigo. Quando um cachorro late muito e o dono demonstra comportamento responsável, passeia com o animal, não o larga sozinho e até contrata um adestrador, todos devem ter paciência, pois logo os latidos tendem a amenizar. Por analogia, guardadas as devidas proporções, é como um bebê que chora muito, a madrugada toda.
Com a popularização dos espaços pet nas áreas comuns dos condomínios, também conhecidos como pet place ou cachorródromos, surgiram novos problemas e conflitos, especialmente quando um cachorro morde o outro. O segredo é a definição de regras específicas para o uso desses espaços, além da instalação de câmeras para identificar eventual abuso. É necessário ficar atento à higiene e salubridade do lugar, que deve partir dos usuários, e não dos funcionários do condomínio.