Rubens Furlan: “O Brasil não merece o Bolsonaro”

Em entrevista exclusiva à VERO, Rubens Furlan fala sobre economia, pandemia, vacinação e a possibilidade de ser o próximo governador de São Paulo
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Julia
Foto: Benjamin Sepulvida

Os problemas de qualquer cidade do mundo se multiplicaram. E em Barueri não foi diferente. Apesar da receita não ter caído  (o orçamento de Barueri para 2021 foi de R$3.4 bi, já o de 2020, estipulado antes da pandemia, foi de R$3,2 bi), e de ter sido eleita a melhor cidade para investir no comércio, a pandemia impactou fortemente setores do município como saúde, economia, educação e assistência social. “Os próximos dias serão mais difíceis”, diz o prefeito Rubens Furlan, um dia antes da volta do estado para a fase vermelha do Plano São Paulo, antes mesmo da fase emergencial. “Isso é consequência de toda a falta de cuidado. Eu gosto de ir para a praia, mas tem hora de ir. Nós perdemos o Secretário de Finanças, Mario Sadanori Doi, perdemos funcionários, guardas, profissionais da saúde, professores e amigos também. Eu peguei Covid, foram 14 dias, um pior que o outro, a beira de ser entubado. E eu só posso lamentar pelas pessoas que não acreditam no que está acontecendo”. Confira a entrevista completa.

Há um ano, quando conversamos para a edição de aniversário da cidade, você estava visivelmente preocupado com os alagamentos – que era o maior problema da cidade naquele momento. De lá para cá, muita coisa mudou e a pandemia exigiu muito mais dos governantes. Hoje, o que mais tem tomado a sua atenção?

A saúde sempre é uma preocupação, mesmo em tempo de normalidade. Com a pandemia ela aumentou ainda mais. Isso não tira da gente o cuidado com a infraestrutura, porque a cidade vai crescendo e os problemas de trânsito e mobilidade começam a ficar mais intensos. E o que tem tomado muito a minha atenção – e não poderia ser diferente –, são os projetos sociais. Nesse momento em que a população está ficando mais empobrecida, com mais necessidades, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social está sendo importantíssima.

As empresas de Barueri tiveram um papel fundamental lá no início da pandemia, com doações significativas para ajudar a população mais pobre. Quanto isso ajudou a prefeitura?

Ajudou muito. Recebemos mais de 200 toneladas (de alimentos, produtos de higiene e outros itens) para distribuir para a população. Mas eu estou preocupado, inclusive, com a nossa receita, porque esses próximos dias serão mais difíceis.

Você acredita que estamos preparados para o que pode vir? Acha que o pior já passou?

Não. Eu sou muito pela ciência. E a ciência diz que vamos bater cerca de três mil mortes por dia. Agora, é uma pena termos o Bolsonaro como presidente, que faz tudo o que não deveria fazer. O Brasil não merece alguém como ele. Sinceramente, eu não sei o que esperar.

Como estamos em relação a vacinação? Qual é a expectativa de tempo para vacinar 100% da população?

Até hoje (5 de março) vacinamos 22 mil pessoas. Agora, com a liberação do governo federal para as prefeituras comprarem a vacina, já estamos em processo para adquirir 150 mil doses. Mas ainda não podemos dizer em quanto tempo 100% dos moradores estarão imunizados.

O que você tira de lição desse momento?

Eu só posso lamentar pelas pessoas que não acreditam no que está acontecendo. Elas pensam que a vida tem que ser vivida intensamente em todos os momentos, inclusive nesse. Eu lamento as praias e os botecos cheios, as aglomerações, o não uso das máscaras. Quem ganha dinheiro com isso até justifica: a ganância ou medo de tomar prejuízo levam as pessoas a fazerem burrice. Mas frequentar? Pra que? Num momento tão sério… Se não acreditam, pelo menos respeitem. Mas as pessoas não querem saber, querem viver. Como se isso fosse vida, fosse qualidade.

Barueri foi eleita a melhor cidade para investir no comércio em 2020 mesmo diante da crise. Qual o atual cenário econômico da cidade?

Todo mundo ficou curioso para saber como Barueri conseguiu manter a receita. ‘Qual segredo disso?’ Eu acho que Barueri é uma cidade com vocação para a prestação de serviços, e os serviços não caíram na mesma proporção que outros segmentos da economia. As empresas da nossa cidade conseguiram se adaptar e isso manteve o nosso equilíbrio.

E sobre o convite do PDT para concorrer para governador de São Paulo, já pensou na ideia?

Eu estou pensando (risos). É uma decisão muito difícil, porque o desafio é grande. Não estou falando sobre ganhar a eleição, e sim sobre governar o estado do jeito que o povo está precisando. O desafio é depois de eleito.

Qual sua expectativa para 2021, há alguma novidade?

Vamos iniciar uma obra de drenagem na Avenida Piracema. Estamos também colocando luz de LED em todas as ruas comerciais e empresariais do Tamboré e de Alphaville. E podem aguardar também a inauguração do complexo cultural no meio do ano.

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