Waltinho Nascimento: "Saudosismo Fenomenal!"
Já assistiram a um filme do Woody Allen chamado Meia Noite em Paris? Eu revi a obra recentemente. Ela conta a história de um roteirista que está passando férias em Paris. Seu sonho, um sonho bem saudosista, era viver nos anos 1920, quando F. Scott Fiztgerald, Ernest Hemingway e Pablo Picasso circulavam por ateliês e cafés da cidade. A ideia me pareceu simpática. Acredito que para qualquer um que viu o filme (pelo menos o começo dele), também. E aí me veio uma pergunta: será que #SomosTodosSaudosistas?
As pessoas costumam idealizar o passado, principalmente a infância. Há algumas semanas a revista Placar lançou uma capa polêmica que me fez lembrar desse bom filme. A revista afirmava que Neymar é o maior jogador brasileiro de todos os tempos, após o Rei Pelé. Para quem gosta de futebol a revista levantou a bola para um debate empolgante. No meu grupo de amigos particularmente, o debate foi quente. Começamos debatendo os maiores brasileiros, passando pelos maiores do mundo em toda a história e terminando no maior que nós, geração nascida entre 1980 e 1990, vimos jogar.
Nesse terceiro momento o debate esquentou. Apenas um lembra bem do Zico em seu auge e garante que o Galinho, líder da seleção de 1982, foi maior que todos os grandes que fizeram história nas décadas seguintes – eu discordo. Zidane apareceu bem ranqueado também. Impossível não lembrar da classe e técnica do francês. Além de ser o líder de times como a seleção francesa campeã do mundo de 1998 e do Real Madrid campeão da Champions de 2002, Zizou fez gols decisivos em ambas as conquistas.
Com Romário foi unânime a ideia de rei da grande área, mas poucos o citaram como o maior que viu jogar. Meu voto ficou com Ronaldo. Talvez não por toda a carreira, cheia de lesões e lutas com a balança que fizeram o Fenômeno viver altos e baixos, mas sim por seu auge. Eu não me lembro de ver alguém fazer com os zagueiros o que Ronaldo fez nas temporadas entre 1996 e 1998. Parecia que ele jogava contra crianças. Era mais rápido, mais forte, mais técnico. Eu não sei se todos se lembram bem, mas Ronaldo era absurdamente técnico. Usava muito sua velocidade, mas procure no Youtube seus dribles: elástico, pedalada, um show de rolinhos. Era impressionante!
Obviamente quando destaquei sua técnica, muitos apontaram que o outro Ronaldo, o Gaúcho, tinha isso de sobra. E bem mais que o Fenômeno – eu novamente discordo. Mas é inegável que Ronaldinho fazia mágica com a bola. Inventava dribles e alguns de seus lances vão ficar marcados para a história do futebol – apesar de não ter feito muitos gols, ou ter se destacado muito em finais.
Existe também o time pró Messi/CR7. Esse time de torcedores acredita que um dos dois foi o maior. Talvez se o quesito de julgamento for carreira completa, tenham razão. São 10 anos jogando como melhores do mundo e isso, nenhum dos outros acima citados fez. Mas aonde a comédia romântica de Woody Allen entra nessa história toda?
Pelo menos na minha turma de amigos algo ficou claro nesse debate: cada um escolheu seu ídolo maior, baseado em qual jogador atingia seu auge quando quem o escolheu era jovem, adolescente. No meu caso, nascido em 1984, Ronaldo Fenômeno fazia chover em campo quando eu tinha 12 para 13 anos. Aquela idade que temos pouco a nos preocupar a não ser brincar e ir à escola. Aquela época em que lembramos, saudosistas, de um mundo mais leve, mais colorido, mais fantástico.
E você, leitor? Quem foi o maior que viu jogar?