Wilson Medeiros: "Construir, tomar emprestado ou comprar. Qual a melhor decisão estratégica?"
O que não falta é matéria sobre incertezas, perspectivas e realidades. Da mídia impressa, especializada ou não, o discurso é um só. Economistas e analistas de mercado se debruçam sobre estatísticas, estimativas, cenários e tudo o mais que for possível, na tentativa de sinalizar caminhos ou rumos que possam estimular e fortalecer o seu negócio e tudo mais que engloba a cadeia da economia que forma uma economia e sua nação. Leia também: “Alianças estratégicas”.
A pergunta natural é: o que fazer diante do quadro de incerteza política e econômica? É inegável que, no Brasil, vivemos uma das maiores crises da história. Por outro lado, é necessário lembrar também que as crises mundiais sempre pautaram as agendas das grandes potências econômicas.
Só para ilustrar, em 1929, os EUA sofreram o crash da bolsa. Em 2000, vivemos a crise das empresas “pontocom”. Em 2001, o mundo sofreu com o ataque terrorista às Torres Gêmeas… Lembrando, contudo, que diante das dificuldades, a persistência é uma virtude fundamental para fortalecer a vontade e a atitude dos dirigentes – na esfera pública e privada – na direção de superar suas metas.
É nesses momentos que muitas empresas passam pelo caminho de reinventar diferenciais, até porque as situações adversas, paradoxalmente, atuaram ou protagonizaram movimentos de vetores de crescimento e desenvolvimento –a ponto dos EUA ocuparem a 1ª posição do ranking na escalada economia mundial.
Não por acaso as norte-americanas Apple e Amazon acabam de conquistar, pela primeira vez, na história mundial, respectivamente, o valor de mercado de 1 trilhão de dólares. Portanto, seja no ambiente de negócios, ou não, o segredo está em restabelecer a confiança. E não adianta condicioná-la ao famoso “se” do tipo, “se não houver mudança” na política, na economia, no mundo, na concorrência…
Esqueça. A resposta é que a turbulência aumentará cada vez mais e de forma frequente e avassaladora. A curto prazo, existem sinais de incerteza, a começar pelas eleições. O câmbio, especialmente no Brasil, reflete a instabilidade.
Mesmo assim, arrisco dizer que não há motivo para desespero. O ritmo é cadenciar o trabalho firme e não tirar o pé do estudo do seu negócio, da sua equipe, do seu mercado, da concorrência e dos consumidores.
A propósito, no livro “O Dilema do Crescimento” (Ed. Campus), os autores Laurence Capron e Will Mitchell, com base em uma extensa pesquisa de duas décadas, oferecem uma estrutura conceitual abrangente para escolher os melhores caminhos e decidir como conquistar oportunidades de crescimento, contando com diferentes circunstâncias e combinações.
Ainda, segundo os autores, há algo muito errado na maneira como muitas empresas obtém os recursos para se alavancar. Várias são boas em identificar quais são esses recursos e quase todas levam esse desafio a sério. Contudo, eles percebem um grande número de empresas –mesmo as detentoras de alta reputação –, enfrentando dificuldades em lidar com o crescimento, pois dão mais atenção a tarefa de indentificá-los do que a maneira correta de obtê-los.
As empresas subestimam a importância de analisar estrategicamente os caminhos, antes de decidir se para crescer é preciso construir, tomar emprestado ou comprar. O resultado é tomar uma escolha não consciente ou não promissora.
Algumas pistas
>Cultivar a disciplina em desenvolver a capacidade de selecionar as melhores alternativas de obtenção de recursos que garantam vantagem competitiva
>Atentar especialmente para o passado, um espelho retrovisor fatal, quando o assunto é vencer a concorrência. O frenesi na implementação também requer lente disciplinadora, para não cair em armadilhas
>Liderar a condução com transparência em todos os níveis: do CEO ao Conselho, todos atuando de forma coesa como defensores e aprovadores dos caminhos escolhidos
>Por fim, a produtividade e a expansão não podem ser almejadas sem criatividade. Mais do que nunca, faz-se necessário “sair do escritório e da frente do computador ou do smartphone”. É preciso andar pelo Brasil e fora dele. Sentir o cheiro do mercado, dos clientes, dos prospects, dos concorrentes. Procurar saber o que o seu cliente ou futuro cliente está procurando, do que sente falta.
Se não tomar essa iniciativa, é bom ter em mente alguns perdas potenciais como a de não antecipar tendências para criar um novo negócio ou reinventar o que já existe. Outro possível insucesso é perder o que já se tem e, novamente, se ver na encruzilhada do crescimento.
Ver, ouvir, sentir. Eis a jornada da senha de estratégia de vendas e crescimento.