Wilson Medeiros: "Ecossistema de negócios: a senha da sobrevivência"
Os grandes gênios, até há pouco tempo, eram tidos como protagonistas das inovações. Acreditava-se que descobertas e invenções nasciam do intelecto de uma mente só. Mas imagine reunir em um mesmo grupo de trabalho gente como Leonardo Da Vinci, Henry Ford e Steve Jobs. O que eles não teriam aprontado? Juntos, formariam o que se chama hoje de “ecossistema de inovação”.
O termo usado na biologia para definir a relação entre os seres vivos e o meio ambiente passou a representar um grupo formado por pessoas ou entidades que colaboram entre si para inovar na produção de produtos ou serviços. Essas entidades são formadas por startups, universidades e grandes ou pequenas empresas –fornecedores, clientes e até mesmo concorrentes.
Tudo porque criar sozinho, hoje, é missão (quase) impossível. É muito mais simples gerar soluções originais juntando pessoas e ideias distintas. Inovar, no século 21, envolve reunir talentos diferentes e complementares. Não por acaso o Vale do Silício reúne tantas mentes criativas em um ecossistema que gera inovações que impactam todo o planeta.
Ecossistema de negócios, portanto, é a bola da vez do mundo corporativo. Ou se pratica ou morre. “A economia digital vem criando novos paradigmas e obrigando as empresas a inovar de forma muito mais rápida”, diz Jefferson Denti, sócio da área de Consultoria Empresarial e líder da prática Digital da Deloitte, em artigo recente. O cenário começou a mudar na década de 90, quando as empresas perceberam que não possuíam todo o conhecimento e tecnologia necessária para continuar inovando na velocidade que o consumidor desejava. Assim, passaram a se relacionar com pequenas empresas, clientes, instituições de ensino e governo. Muitas vezes isso significa unir forças até mesmo com um antigo concorrente.
Em geral, grandes empresas puxam a formação do grupo. Encontrar o seu ecossistema de negócio e descobrir qual a sua função dentro dele, portanto, é prioridade. Mas como fazer acontecer? Compartilho aqui algumas sugestões:
1. O primeiro passo é pensar no objetivo principal da empresa: se participa de um processo de inovação ou criar valor a partir de um setor de mercado ou de uma inovação já existente.
2. O segundo passo é descobrir de quem são os possíveis colaboradores, ou seja, de quem sua empresa depende para criar ou capturar valor.
3. A partir daí, é necessário estruturar um programa interno de inovação para criar um ambiente propício para a colaboração.
4. A seguir, vale estabelecer um ciclo para medir o resultado em três eixos: geração de ideias, aceitação por parte do consumidor ou cliente e desempenho do ponto de vista de resultados financeiros.
5. Como nos ecossistemas não há uma liderança, é fundamental que haja interdependência entre os participantes. Que cada um contribua com a sua expertise e ao mesmo tempo com o grupo.
A vantagem de estar inserida em um ecossistema, para as grandes empresas, é poder inovar mais rápido e com menos custos, utilizando-se da competência de terceiros e focando no seu core business. Já para os pequenos negócios, o lado bom é ter acesso a recursos que não possuem. Como, por exemplo, desenvolver um aplicativo, colocando o app no sistema IOS, da Apple, e assim atingir um maior número de clientes. Em um ecossistema equilibrado, ninguém age isoladamente nem fica sozinho. E todos saem vivos.