Wilson Medeiros: "Investidores – um poderoso recurso estratégico"
Investidores são valiosos. Em geral, são inteligentes, profundos conhecedores do setor e capazes de fornecer feedback imponderável sobre a agenda corporativa. A maioria das empresas entende a importância de cultivar relacionamentos com investidores. No entanto, poucas desenvolvem um sistema de contribuições, como parte de um diálogo destinado a melhorar a tomada de decisões, a estratégia e o desempenho.
Um exemplo que ilustra a importância desse processo é o da gigante Nikon, que em 2016 viu suas ações caírem a preço de liquidação. A empresa centenária observou seu negócio central perder terreno na era digital, com a ascensão dos smartphones. Nesse momento, um novo CFO se juntou à empresa, o veterano da indústria financeira Masashi Oka.
Oka propôs que a empresa buscasse a opinião de seus investidores, com o argumento de que o feedback deles daria pistas valiosas sobre o que havia de errado. Em reuniões e entrevistas pessoais, os maiores investidores atuais e antigos da Nikon deram suas razões para comprar, manter ou vender ações da empresa. As respostas caíram como um banho de água fria: “A administração está delirando sobre suas perspectivas de longo prazo. Fico chocado com a lentidão da Nikon em compreender as tendências da indústria.”, vaticinou um dos maiores.
Foi o ponto de partida para uma transformação radical na empresa. Em uma era de crescente ativismo de investidores, a Nikon segmentou os seus para aprofundar as entrevistas sobre questões críticas. O feedback dos investidores convenceu a empresa da necessidade de um plano de reestruturação ousado que melhorasse sua capacidade de gerar lucros e reconectar seu DNA de gerenciamento. Isso envolvia investir na litografia de semicondutores da Nikon, mercado no qual a empresa havia sido incapaz de se equilibrar durante anos, por exemplo, diante da contração do mercado de produtos de imagem.
A gestão de relacionamento com investidores ajudou a moldar uma transformação altamente bem-sucedida que proporcionou um aumento de 35% no preço das ações da empresa no primeiro ano. O que a empresa considerava uma função rotineira agora era reconhecido como uma mina de ouro em seu meio. Leia também: Cliente principal – o chassi da estratégia”.
Diante desse case de sucesso, Wilhelm Schmundt, sócio da área de Corporate Finance da Bain & Company, descreve quatro passos para aproveitar o potencial dos investidores:
• Entenda as causas da lacuna entre a avaliação atual e o valor intrínseco
Existe uma falta de criação de valor intrínseco ou diferenças nas composições percebidas da indústria? Você está se concentrando nos investidores errados ou usando as métricas e mensagens erradas do investidor?
• Construa o mix certo
Conduza uma análise com base no comportamento de seus investidores (e investidores do setor) para entender quem move o preço das ações e por que eles compram. Faça comparações e crie uma lista de investidores-alvo que possam comprá-las.
• Crie um diálogo bidirecional
Capture e agregue feedback de seus investidores para redefinir sua história e estratégia de equity. Faça isso regularmente, comparando sua contribuição com as mensagens internas da empresa.
• Institucionalize métricas e acompanhamento de um ciclo de feedback
Meça a conversão em compras de ações para entender o sucesso, bem como os principais indicadores em reuniões de compra com analistas e gerenciamento de portfólio.
Minha mensagem, portanto, é pautar estrategicamente o tema para que o relacionamento a ser estabelecido com os investidores possa ser um divisor de águas para a “janela do conhecimento” e, adicionalmente, a oportunidade de potencializar uma nova rede de contatos.