Wilson Medeiros: "Slides vendem?"
A ciência por trás dos dados é algo que observo desde cedo em minha jornada executiva. Ao produzir apresentações, ainda que pequenas, para expor uma necessidade de aprovação de investimento, lançamento de um novo produto, campanha ou até mesmo dar um overview das atividades, noto o quanto um conteúdo inteligível faz a diferença.
Quando a apresentação é bem estruturada, fundamentada e produzida com roteiro em harmonia com o design gráfico, os participantes ficam com a sensação de que nem precisavam de explicação. É uma daquelas ocasiões em que podemos dizer que os slides falam sozinhos.
Não foi uma nem duas vezes em que participei de reuniões de board em que um único slide foi o suficiente para guiar uma conversa envolvendo um tema estratégico ou uma negociação. Se a dinâmica for leve e de curta duração, então, a chance de fazer o gol é enorme porque garante objetividade, receptividade e objetivos atendidos.
O ponto é que a maioria dos profissionais tem enorme dificuldade de organizar, concatenar e embalar o formato que envolve conteúdo e design, para facilitar a compreensão da mensagem. Traduzir os números do negócio ou das áreas estratégicas, afinal, exige certo grau de dificuldade.
Não basta ter dados, é preciso saber analisá-los, interpretá-los e apresentá-los. De acordo com o Linkedin, a análise estatística e de tratamento de dados é a segunda habilidade mais desejada, hoje, pelas empresas e recrutadores. Só que, não importa quão impressionantes sejam os slides ou quão qualificados sejam os dados. Os interlocutores só os levarão em conta se compreendê-los.
É uma pena, mas comum, ver um slide quantitativo com vários números na tela, e o público tendo de fazer as contas para totalizar o resultado. Percebo escassez de estudo justamente por aqueles que têm no pacote de sua missão a obrigação de criar uma apresentação clara e descomplicada. O que se vê, em geral, é um emaranhado de informações dispostas, por vezes, de forma simplória, dando sinais de amadorismo e improvisação.
A preparação e a qualidade deste trabalho é uma alavanca e tanto para facilitar (ou dificultar) uma eventual venda como também a comunicação com equipes, conselhos, gestores e parceiros. Vale lembrar que no ambiente corporativo muitas vezes o concorrente é interno, por exemplo, quando há disputa por prioridades de investimentos entre as áreas.
Uma boa apresentação garante maiores chances de conquistar visibilidade na empresa e gerar resultados extraordinários. Claro, não estamos falando que qualquer ideia precise de um “pacote Tiffany” de apresentação”. Mas, no contexto formal, requer sim roteiro, consistência e harmonia. Por isso, seja você funcionário, gestor, empresário, nunca perca a oportunidade de caprichar na apresentação para vender sua ideia, produto, serviço.
Considero 5 pontos em uma boa apresentação:
1. Defina bem o conteúdo, ligando slides, roteiro e discurso em um layout simples e atraente. É preciso que o conteúdo e design dos slides forneçam informações úteis e acionáveis, assim como um bom texto.
2. Utilize o storytelling para contar uma história, explicando o caminho dos dados até chegar ali. A capacidade de vender ideias na forma de histórias é hoje mais importante do que nunca. O storytelling de dados é a arte de criar uma narrativa ancorada por dados.
3. Capriche nos gráficos e infográficos, de maneira que o público possa facilmente compreender a mensagem, traduzida com os recursos corretos, incluindo formatação de texto e imagem.
4. Destaque o que é relevante, tendo em mente que seu público nunca vai absorver em meia hora o que você passou semanas analisando.
5. Atenção ao tempo, para não ser prolixo ou maçante.
Por fim, quem não domina a ferramenta pode buscar um profissional para ajudá-lo a montar a melhor versão da sua história. Crie a sua apresentação de modo que você seja apenas o mensageiro e o conteúdo fale por si. Slides falam, traduzem, contam histórias. Sim, slides vendem.